Home » Livros » Teclando com o Além - O Xamado (Editora Vida & Consciência, 2011, 124 páginas) |
Leo e sua turma recebem uma mensagem pra lá de estranha e embarcam numa aventura misteriosa. Tentam provar a inocência de um morto de nome esquisito que se comunica com eles pelo MSN, começam a investigar uma galera problemática, entram em incríveis roubadas e são perseguidos por executivos inescrupulosos de uma multinacional muito suspeita. Mas, no final, conseguem desvendar esse mistério do outro mundo, com uma providencial ajudinha do além.
As múltiplas linguagens e a moderna tecnologia
numa divertida aventura cheia de suspense
Leonardo e seus três amigos estão teclando no MSN quando um quinto elemento aparece de forma inesperada e começa a participar do assunto. Seu nome é José Eleutério, um morto considerado suicida e que precisa de auxílio para desvendar a verdadeira causa de sua morte. A princípio, a certeza do garoto é de que esse misterioso personagem não passa de um hacker querendo dar um golpe.
Mesmo percebendo que o tal “espírito” tem muito conhecimento sobre assuntos particulares de sua família, Leo continua duvidando de que se trate mesmo de um fantasma. Assim, muito irritados com essa “assombração do MSN”, ele e seus amigos começam a investigar a história e se arriscam atrás de pistas, vivendo uma aventura ao mesmo tempo aterrorizante e divertida, com toques de romance sobrenatural.
Alternando o discurso coloquial característico dos adolescentes com a linguagem usada por eles no programa de mensagens instantâneas MSN, a autora narra uma história engraçada, empolgante e superatual, que mistura fantasmas e tecnologia, e que prende o leitor até o surpreendente final.
Como apêndice do livro, um "Pequeno Glossário de Internetiquês" traduz os termos e abreviações comumente usados pelos jovens em bate-papos pela Internet.
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Pois é. Estaca zero, realmente. Só nos restava esperar que o tal “espírito” nos desse mais alguma pista pra investigar. O que aconteceu alguns dias depois, numa daquelas conversas quase diárias no MSN:
Leo diz (14h01):
. tah complicado
. pra desmascarar
. esse assassino
Andre diz (14h03):
. eh msm
. o q q a gente pd fazer agora?
Dani diz (14h04):
. do jeito q tah indo
. nunca vamos descobrir
. coisa nenhuma
Mari diz (14h06):
. tlvz seja hora d desistir
José Eleutério diz (14h07):
. Por favor, não façam isso!
. Não posso seguir em frente
. sem ter esse assunto resolvido.
. E é muito angustiante ficar retido
. aqui no Vale das Coisas Pendentes!
De novo aquela besteirada de “Vale das Coisas Pendentes”! O hacker “fantasma” não desistia mesmo! Imagina se eu ia acreditar numa bizarrice daquelas...
Laura Bergallo utiliza “português da web” para aproximar literatura do público jovem
“Tem 1 garota ae se axando soh por causa da prova de hj” diz Leo, fazendo graça com Mariana. André, que também participa da conversa, diz “?”, ao que a amiga Dani se defende: “n so eu”. Se você não entendeu o diálogo, basta pedir ajuda para qualquer adolescente hard-user da internet, para perceber que, entre eles, de fato existe comunicação. A escritora Laura Bergallo, ganhadora de um Prêmio Jabuti, em 2007, por seus livros infanto-juvenis instigantes e atuais, utiliza esta polêmica variante linguística nos diálogos de "O Xamado – Teclando com o além", que acaba de ser publicado pela Editora Vida & Consciência.
O “português da web”, entretanto, não está na obra toda: se faz presente apenas nas conversas entre os quatro amigos – Leo, Mari, André e Dani – no messenger, aplicativo tecnológico de interação em tempo real, delimitando o ambiente no qual tal variante é aceita e se contrapondo ao texto criterioso e bem elaborado da narrativa da autora. A trama começa quando, no meio do bate-papo entre os amigos, um quinto elemento aparece de forma inesperada, sem ter sido “adicionado” por ninguém. É José Eleutério, um personagem misterioso que quer a ajuda desse grupo de amigos para desvendar um crime. Leo desconfia de que se trata de um hacker, e, para desmascará-lo, resolve seguir as pistas e tirar essa história a limpo.
Leo e seus amigos são impelidos a investigar a morte de José Eleutério, a “assombração” que apareceu do messenger. Embora tenha sido noticiada como suicídio, o personagem garante que sua partida deste mundo foi causada por assassinato. E a lista de suspeitos é grande: ex-mulher, colega de trabalho, chefe ambicioso e até a namorada (que após sua morte está “ficando” com o personal trainer de Eleutério).
Laura se utiliza de uma linguagem simples e jovial, com gírias e abreviações da comunicação virtual, para envolver os leitores nessa trama repleta de desafios e provas de coragem. Os quatro amigos “teclam” com o além, criam planos mirabolantes com seus celulares e encontram alternativas inusitadas ao tentar desvendar esse mistério que deixaria qualquer um de cabelo em pé.
Veja a resenha feita pela blogueira e escritora Alessandra Pontes Roscoe:
Recebi o livro O Xamado, teclando com o além, da escritora Laura Bergallo, da editora Vida e Consciência (responsável pela publicação) e confesso que inicialmente franzi a testa. Gosto muito do estilo leve da prosa de Laura Bergallo, escritora premiadíssima e que sabe falar com delicadeza e poesia de temas muitas vezes espinhosos. O Jogo da Memória, sobre Alzheimer, já desfilou pela nossa Dica de Leitura, mas devo dizer que fiquei incomodada ao ler no título o Xamado, com "x". Resisti um pouco à leitura, e justo quando tanta polêmica envolvendo formas faladas e escritas de nossa língua ocupava discussões e espaço na mídia! De qualquer forma andei com o livro pra cima e pra baixo por vários dias.
Bom, minha filha mais velha viu o livro no carro, leu a quarta capa e iniciou a leitura ali mesmo! Ela que é parceira literária e leitora desde muito cedo, mas que, em plena adolescência, anda sem muita paciência com os livros, querendo mais o computador e menos as páginas, não resistiu à leitura imediata. Tive que falar que não se deve ler em movimento, e em cada sinal fechado ela retomava a leitura. Terminou o livro em poucas horas e quis dividir comigo suas impressões. Explicou-me que o título era apropriado por retratar uma aventura que começa numa conversa virtual por um site de relacionamento.
O livro é indicado para jovens leitores e aborda uma realidade que faz parte do cotidiano das crianças e jovens de hoje, e a escolha do "Internetiquês" para a linguagem predominante no texto faz sentido. A meninada se identifica e gosta de se reconhecer nos escritos. A partir da leitura do livro começamos em família uma discussão sobre benefícios e malefícios da internet, reflexos nos relacionamentos, na maneira de se apreender e de aprender as coisas, sobre língua e linguagem e também sobre habilidades.
Escrever bem, interpretar textos e ler por prazer são habilidades que se adquire com a prática e o hábito da leitura, mas comunicar-se com rapidez, mesmo que com muitas imprecisões linguísticas, é também uma habilidade que minha geração não domina como a dos jovens, tenho de admitir. A leitura do livro de Laura Bergallo foi inevitável: li e gostei do que li. A história fala de religiosidade, crenças, modernidade, consumo, interesses e amizade, e de um jeito que atrai a turma mais crescidinha, na linguagem que faz parte do dia a dia deles. Faz pensar e envolve numa trama de aventuras e mistério, coisas que os adolescentes e pré-adolescentes simplesmente adoram, em todo o enredo do livro.