Home » Livros » Alice no Espelho (Coleção Muriqui, Edições SM, 2006, 172 páginas) |
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Ganhador do Prêmio Jabuti 2007 na categoria livro juvenil e selecionado para o catálogo da 44a Feira de Bolonha (Itália), 'Alice no Espelho' trata com delicadeza de um tema muito atual no universo dos jovens: a ditadura estética e suas consequências, como os transtornos alimentares, cada vez mais comuns entre os adolescentes.
Clique aqui para ver rabalho acadêmico sobre o livro apresentado no II Congresso Internacional de Literatura Infantil e Juvenil, em maio de 2010.
Alice é uma adolescente cujo pai foi embora de casa quando ela ainda era pequena. Boas lembranças ficaram, entretanto. Como a leitura das obras de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho, que o pai lia pra ela todas as noites antes de dormir. Agora, aos 15 anos, sem entender a ausência do pai e obcecada por aparência e magreza, Alice acaba por contrair anorexia e bulimia, chegando ao ponto de ser internada inconsciente. Durante seu coma, ela visita um mundo estranho, onde todas as pessoas são iguais e abrem mão de sua individualidade em nome de uma aparência padronizada, ditada pela sociedade. Aos 16 anos, todos passam pela "transformação", processo médico-cirúrgico supostamente voluntário que os torna cópias dos modelos considerados ideais de beleza. Mas nesse mundo ela também se torna amiga da gorda Ecila, garota cabeça-feita que, por influência de seu pai considerado louco, recusa se submeter à tão desejada "transformação". Para tentar ajudar a amiga, Alice vive uma aventura de perder o fôlego, e acaba compreendendo que ela própria precisa procurar ajuda para se curar, embora reconheça que o processo é doloroso e difícil.
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Precisa levantar para limpar o banheiro emporcalhado, mas com que força?
Aí lembra do pai contando para ela qual era a expressão preferida de Alice no país das maravilhas: “Vamos fazer de conta”. E então faziam de conta de todo jeito. Faziam de conta que Alice era pequena como um inseto, ou tão grande que não cabia na casa. Faziam de conta que o pai era mais de um (e não ficou nenhum, no fim das contas).
Mas isso já faz muito tempo e agora Alice não pode fazer de conta que limpou o banheiro. Não pode fazer de conta que não devorou o pote inteiro de sorvete ou que não vomitou tudo depois. Essas coisas ela tem que encarar. Mas sente frio, medo e nojo. Precisa sair correndo, sumir dali, fingir que nunca existiu.
Levanta do chão e fica em pé na frente do espelho emoldurado. Nele vê uma garota gordona olhando para ela feito pateta (quem seria?). Atrás dela, um quarto igualzinho, só que com tudo em posição invertida. E resolve fazer de conta, como a outra Alice (a do país das maravilhas), que o espelho de repente ficou todo macio e que é possível atravessar para o outro lado.
Encosta a ponta dos dedos no vidro (e a garota gorda faz a mesma coisa). A superfície lisa começa a amolecer e vai se dissolvendo devagar. O espelho se transforma numa tênue nuvem de prata e, no instante seguinte, vemos Alice do lado de lá.
Clique aqui para saber detalhes do segundo encontro na Escola EDEM, em que a autora falou sobre "Alice no espelho" para seus leitores.
Livro contemplado com o Prêmio Jabuti
e selecionado para o catálogo FNLIJ da Feira de Bolonha (Itália)